Sérvio atribui favoritismo às
águias. “É uma equipa melhor”, diz quem está em Londres mas com o coração em
Lisboa.
Record – Amanhã joga-se o terceiro Benfica – Sporting desta época. Mas será
o primeiro sem Matic. Como antevê a partida?
Matic – Tive oportunidade de
estar presente em vários jogos deste tipo, quer contra o Sporting, mas também
frente ao FC Porto e são partidas sempre imprevisíveis. E é muito difícil estar
a apontar um vencedor porque Benfica e Sporting estão na frente da
classificação e a vitória é importante para qualquer lado. Mas acho que vai ser
um bom jogo, acima de tudo, e, claro, espero que o Benfica ganhe. É esse o meu
desejo porque apesar de já não estar aí sou um autêntico benfiquista.
R – Quem é que chega melhor ao dérbi?
M – O Benfica empatou com o Gil
Vicente, mas conseguiu ganhar agora ao Penafiel e, por isso, está motivado. Está
na frente do campeonato, continua em quatro competições e a equipa está muito
bem. O Sporting também tem feito um bom campeonato, apesar do empate na última
jornada. Mas, na minha opinião, o Benfica é favorito, joga em casa e tem uma
equipa melhor, com mais soluções.
R – Se tivesse de deixar uma mensagem aos ex-companheiros, o que lhes
diria?
M – Acho que nestas alturas não é
preciso dizer nada. Todos sabem o que têm de fazer, como se preparar. O Benfica
tem jogadores muito experientes e mais do que habituados a este tipo de jogos. Por
isso os mais novos só têm de ouvir os mais velhos. E depois tenho a certeza que
o Jorge Jesus vai preparar a equipa da melhor forma e não vai escapar nenhum
pormenor.
R – Como é que os jogadores se sentem nas horas que antecedem um jogo
deste tipo?
M – Durante a semana, e enquanto
estamos no estágio, no dia antes, é tudo normal, como se fosse outro jogo
qualquer. Depois quando vamos no autocarro e chegamos ao estádio a adrenalina
começa a subir, até pelo que vemos à nossa volta. Há muitos adeptos, o estádio
está cheio e, aí, o nosso sistema começa a mexer de forma diferente. Não é
igual jogar com um estádio cheio ou com poucas pessoas. Percebemos que não é um
jogo como os outros, que mexe mais com as emoções dos adeptos. Mas é só o
início, quando o árbitro apita esquecemos tudo. Só interessa o que se passa no
campo.
R – Quem acha que pode decidir o dérbi no Benfica?
M – (risos) Essa pergunta é fácil
de responder. Cardozo, claro. É um jogador muito importante e quando é preciso
marca sempre. E o Sporting é um bom adversário para ele, ainda na última vez
marcou três golos. Mas também sei que ele esteve lesionado e só voltou agora. Mesmo
assim, se estiver bem, pode decidir a qualquer momento. Depois é preciso contar
com Gaitán, que é um jogador fantástico e neste tipo de jogos dá sempre nas
vistas e faz grandes exibições. E gostaria também que o Fejsa marcasse… de
cabeça.
R – Fejsa tem sido o seu sucessor no Benfica. Tem qualidade para o substituir?
M – O Fejsa é um grande jogador,
muito profissional e que trabalha sempre no máximo. Está a fazer uma boa época,
está a conseguir, no primeiro ano de clube, ser opção muitas vezes e isso é
bom. Só demonstra que ele tem muita qualidade. E ainda há o Ruben Amorim e o
André Gomes, outros jogadores que podem fazer aquela posição. Aprendi uma coisa
neste tempo que estive aí em Lisboa: o Benfica é um clube enorme e é muito
maior do que qualquer jogador. Não importa quem saiu porque o Benfica é sempre
grande.
R – Mas não sente que é um jogador muito difícil de substituir?
M – Eu jogava muitas vezes, sabia
que tinha importância na equipa mas os jogadores que ficaram também têm muita qualidade
e a equipa não se vai ressentir.
R – É possível o Benfica ganhar tudo esta época, como disse numa
recente entrevista a Record?
M – Essa é a ambição dos
jogadores e daí ter dito isso. Temos de jogar sempre para ganhar e ainda por
cima num clube como o Benfica onde a exigência é grande. Mas a prioridade, e
nós jogadores sabíamos isso, é vencer o campeonato. Depois, tudo o que vier a
mais, será bom. Se for possível repetir a campanha da última época na Liga
Europa será muito positivo. O principal passa mesmo pela conquista do
campeonato e é nisso que os jogadores têm de estar focados.
“Markovic é um jogador fantástico”
Considera que todos os sérvios
vão ser úteis na segunda parte da temporada
R – O Benfica contratou muitos jogadores sérvios mas nem todos se
conseguiram impor. O Sulejmani vem aparecendo a espaços e o Djuricic ainda não mostrou
a qualidade do Heerenveen. O que se passa? Ainda se estão a adaptar?
M – O Fejsa e o Markovic têm
jogado com regularidade. O Sulejmani está a aparecer e só o Djuricic é que não tem
sido tantas vezes opção. Mas penso que todos os jogadores precisam de seis
meses/ um ano para se adaptarem. Aliás, se bem se lembram, passou-se isso
comigo…. Tive um ano onde não fui muito utilizado. Não é fácil chegar a uma
cidade nova e a um clube tao grande como o Benfica. O Sulejmani, por exemplo,
esteve muito tempo sem competir no Ajax, é normal que demore mais a ganhar
ritmo. Mas já está a mostrar que é um grande jogador, tal como o Djuricic. É preciso
tempo e é necessário também que joguem com regularidade. Quanto ao Markovic,
acho que todos veem que é um jogador fantástico e ainda por cima com aquela
idade. Mas tenho a certeza que ainda todos vão ser muito úteis na segunda parte
da época.
“Vou ter de arranjar maneira de ver o dérbi”
R – Vai conseguir ver o jogo de amanhã?
M – Claro, vou ter de arranjar
uma maneira de ver com a minha família. Nós jogamos amanhã [hoje] e no domingo
estou disponível. Ainda estou a viver num hotel e, por isso, não tenho os
canais portugueses. Mas logo que mude para a minha casa vou pôr todos, o
primeiro é logo a Benfica TV (risos). Mas, mesmo assim, tenho acompanhado
sempre. Já consegui ver alguns jogos em casa de amigos e quando não é possível
acompanho na internet. Sou adepto do Benfica e um adepto tem de estar sempre
informado sobre o seu clube. Não é?
“Quando entrei no avião… só chorava”
Lembra últimas horas em Lisboa e
promete voltar para se despedir
R – Saiu do Benfica de forma repentina, e após o clássico com o FC
Porto. Como tudo se passou?
M – Surgiu a hipótese de sair
para o Chelsea e depois as coisas aconteceram de forma muito rápida. Ainda joguei
com o FC Porto, consegui ajudar a equipa, mas depois os clubes chegaram a
acordo e no dia seguinte segui para Londres. Comigo, o acordo também foi fácil porque
era uma oportunidade única na minha carreira. Nem tive tempo de me despedir dos
companheiros, nem de ir ao centro de estágio para cumprimentar toda a equipa
técnica e restante staff. Todos são pessoas fantásticas.
R – Custou-lhe deixar o Benfica?
M – Se custou? Muito mesmo. Quando
entrei no avião para ir para Londres, acompanhado pela minha família… só
chorava. Não é fácil esconder as emoções. Eu devo muito ao Benfica, se não tivesse
vindo para Lisboa provavelmente nunca estaria no Chelsea. Foi o Benfica que me
permitiu evoluir e tornar-me no jogador que sou. Vou guardar sempre os anos que
aí passei no meu coração.
R – Jorge Jesus teve também um papel importante na sua evolução?
M – Obviamente. Com ele consegui
evoluir em muitos aspetos do meu jogo, até porque não jogava habitualmente na posição
6. Mas tornei-me um jogador muito melhor e só lhe posso agradecer. É um grande
treinador.
R – O que Jesus lhe disse quando assinou pelo Chelsea?
M – Falámos a seguir ao jogo com
o FC Porto e depois conversámos novamente por telefone quando estava em
londres. Desejou-me boa sorte para esta aventura e também quero que ele tenha
sucesso. Aliás, aproveitava aqui para lhe dar o meu muito obrigado.
R – Vai voltar a Lisboa?
M – Mal tenha dois dias de folga
meto-me no avião e vou a Portugal. Quero despedir-me de todos com tempo e
agradecer também por tudo o que me ajudaram. Já tenho saudades do país, das
pessoas, do clube. E claro, do tempo. Aqui está sempre a chover.
R – Como estão a ser os primeiros tempos em Londres? Foi titular com o Manchester
City e realizou uma grande exibição. Está tudo a correr bem?
M – Sim, o mais importante é que
já estou a conseguir ajudar a equipa. Esta é a segunda oportunidade no Chelsea
e quero aproveitar tudo ao máximo. Sei que ainda posso evoluir e melhorar vários
aspetos do meu jogo. Quero justificar a aposta que fizeram na minha
contratação.
R – E que lhe disse José Mourinho?
M – Conversámos quando cheguei. Desejou-me
também boa sorte e disse que estava contente por ter-me aqui. Também estou
feliz. Ele é um dos melhores do Mundo.
“Falamos muito do Benfica”
R – O balneário do Chelsea tem outros jogadores que passaram pelo
Benfica: David Luiz e Ramires. Uma espécie de família?
M – Todos gostamos do clube e
ainda falamos do Benfica. Principalmente depois dos jogos, já aconteceu
comentarmos o que aconteceu. Segunda-feira, depois do dérbi, não vai ser
diferente.
R – Também o ajudaram na adaptação?
M – Sim. Todos têm sido bons
amigos. Também está cá o Ivanovic, que já da primeira vez que aqui estive foi
muito importante na minha adaptação. Agora também está a ajudar-me. É um grande
jogador, aliás este plantel tem uma enorme qualidade.
Jornal Record
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